obras de compositores brasileiros

para fagote solo

dissertação de mestrado, UNI-RIO, 1999

ARIANE PETRI

 

MAHLE, ERNST (*1929, Stuttgart, Alemanha)

Suite (2000) (24/01/2000, Piracicaba)

Obra dedicada a Ariane Petri

Obra não estreada

Partitura computadorizada

Em três movimentos:

  • I - Moderato

  • II - Allegro

  • III - Vivo

Duração: total netto: 4’15: I - 1’15’’, II - 1’00’’, III - 2’00’’

Os três movimentos da suite, todos movidos, apresentam-se em linguagens diferentes, demonstrando a variedade estilística do compositor.

O Moderato, em forma A (c. 1-10)/ B (c. 11-19)/ A’ (c. 20-31), baséia-se em segundas menores, cujas seqüências são disfarçadas por sua apresentação em nonas maiores e pelos freqüentes agrupamentos em quiálteras de três. A distância intervalar entre as seqüências é, às vezes, igual (terças menores, Ex. 1), às vezes variada (Ex. 2).

Exemplo 75: material sonoro usado nos c. 1-2.2

Exemplo 76: material sonoro usado nos c. 6.3-8.3

Este material daria ao movimento uma aparência atonal, não fossem os motivos descendentes, em idioma modal, que finalizam as três seções e se caracterizam pelas appoggiaturas de terça maior (c. 9/10, 18/19, 29-31).

Exemplo 77: c. 9/10

O Allegro trabalha com arpejos de acordes geralmente formados pela superposição de terças (1-3-5-7-9-11-13), ritmicamente organizadas em seis semicolcheias e uma colcheia. A atividade do movimento, independentemente dos graus de intensidade indicados, se desenvolve pela variação da direção dos arpejos e pela harmonia, que deixa transparecer uma tônica sol. Quando há arpejos de quartas superpostas, eles se apresentam em semicolcheias contínuas, fugindo do padrão rítmico anteriormente estabelecido (c. 6, 12, 13, 14.2-15.1).

O Vivo é fundamentado em modalismo e trabalha com elementos da dança nordestina, sempre estruturados em quadratura. Organizado na forma A (c. 1-31)/ B (c. 32-63)/ A’ (c. 64 c.a.-79)/ B’ (c. 80-96), as seções, incluem um ostinato introdutório, excetuando A’ (A: c. 1-4; B: c. 32-35; B’: c. 80-83), elementos temáticos (A: c. 5-12; B: c. 36-43; A’: c. 64 c.a.-71; B: c. 84-91.1) e de transição (A: c. 13-18, 19-23.1.1, os mesmos usados em B: c. 48-51, 58-63.1, A’: c. 72-79 e B’: 91-94). A relação harmônica da seção A para B é de um trítono, mi - si bemol, voltando, no final de B (c. 58-63.1), para mi, centro tonal mantido até o final.

Pelas características expostas, a peça se inclui no subcapítulo “Tonal ou tonal livre com elementos nacionalistas”. A obra como um todo é localizada numa extensão agradável, de si bemol 0 até si 3 e foi avaliada como pertencente ao nível intermediário II. Consideramos as indicações de staccato na seção A do primeiro movimento e nos c. 5 a 8 do último como válidos para todos os trechos equivalentes nos dois movimentos. Para não deixar o segundo movimento se tornar um estudo técnico, é preciso realizar bem, através de diferenciação dinâmica e rubato, as estruturas com mais e menos atividade, como expostas acima. O Vivo exige precisão rítmica. A realização de três dos trinados nele empregados é pouco confortável; trata-se do trinado sol# 2 - lá 2 no c. 17; do trinado fá 2 - sol 2 no c. 25, que faz necessário o uso da chave especialmente construída para esta combinação de notas, e do trinado no c. 76, que combina fá# 2 com sol# 2. Este último se torna possível quando escolhido o dedilhado com o quarto dedo na chave para o fá#, fazendo o trinado com o polegar na chave para o sol#.

 

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