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obras de compositores brasileiros para fagote solo dissertação de mestrado, UNI-RIO, 1999 |
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MENDES, JOÃO (*1958, Rio de Janeiro, RJ)Quatro peças breves (fevereiro de 1999, Rio de Janeiro)
Segundo as palavras do compositor no texto introdutório à obra, “trata-se de quatro pequenas peças em forma livre trilhando um percurso estético cujos procedimentos imprecisos, indeterminados e aleatórios serviram de pretexto para a construção da obra.” Mais adiante, ele explica: “o aleatório aqui se manifesta em um nível pré-composicional, não sendo este procedimento, portanto, visível para o intérprete […].” Neste nível pré-composicional, Mendes obteve o material através de Computer Assisted Composition. Neste caso, trabalhando com a software PatchWork, ele usou um algoritmo criado por Mikhail Malt denominado nuage 4 que, no programa, controlou “funções específicas, como por exemplo, a construção de nuvens sonoras em procedimentos aleatórios e estatísticos a partir de uma determinada quantidade de notas em ampla tessitura.” Segue o compositor: “Deste material foi elaborado o quarto movimento, que deu origem aos três primeiros movimentos. A composição estrutura-se em uma linguagem atonal livre e apresenta-se, portanto, em quatro movimentos distintos, alternando andamentos, tempos e atmosferas de caráter constrastantes.” Partimos, então, do quarto movimento, em caráter de scherzo, em apenas dezesseis compassos, mas cheio de notas por causa da subdivisão do compasso C em fusas contínuas. Em grande partes dela há uma polifonia implícita. Através das articulações marcadas (staccato, non legato, alguns acentos e indicações de tenuto; as ligaduras marcam somente o fraseado) e da distribuição das notas em diferentes registros, é possivel separar duas vozes. No c. 8, esta polifonia é reforçada pela indicação de níveis diferentes de dinâmica para cada uma das vozes. Do material sonoro apresentado neste movimento foram extraídos fragmentos que, submetidos a alterações de ritmo, dinâmica, registro etc., serviram como material base para os outros movimentos. Exemplo 50: fragmentos (c. 1-2.1) do 4º movimento
O 1º movimento, Lento e solene, com notas longamente sustentadas, apresenta dois compassos que ritmicamente fogem ao padrão: Exemplo 53: 1ª mov., c. 4 Exemplo 54: 1º mov., c. 16
No 2º movimento, rápido e inconstante em 15/16, organizados em 5x3/16, os tempos na primeira seção (c. 1-11), geralmente apresentam-se subdivididos em fusas, enquanto na segunda (c. 11- 17), observa-se uma desaceleração controlada, produzida pela substituição da fusa pela semicolcheia, e até mesmo pela indicação de um pouco mais lento e expressivo. O 3º movimento é similar ao primeiro, também em 5/4, e se utiliza, com poucas exeções, somente de segundas e terças. É raro coincidir a articulação de uma nota no primeiro tempo do compasso, que, geralmente, é ‘omitido’ por notas sustendadas. Por causa das muitas afinidades com o 1º movimento, imaginamos ser seu andamento (aqui sem indicação de MM) também semelhante, embora um pouco mais andado, devido à indicação Andante, ao invés de Lento. Visando as dificuldades técnicas, o 2º e o 4º movimentos se destacam dos outros devido ao andamento e aos muitos saltos extensos (especialmente no 4º). Um fator que torna a leitura menos transparente é o tamanho dos compassos, também no 4º movimento, onde se apresentam com 32 notas (quatro vezes oito fusas). Acidentes colocados no início do compasso não são repetidos; caso a mesma nota apareça novamente, depois de tantas outras, a indicação do acidente já terá sido esquecida. Também significa um desafio para o intérprete enfatizar, no andamento indicado para o 4º movimento, o jogo dos dois contrapontos. Em vista destas dificuldades, a peça foi avaliada no nível avançado II. |
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