CD em foco

a) ein Mädchen oder Weibchen

b. Elegia (trechos apenas)

O termo Harmoniemusik designa um conjunto de instrumentos de sopro. O gênero se originou provavelmente na Boêmia, parte do Império Austro-Húngaro, que detinha já no século XVIII uma longa tradição de músicos e luthiers de instrumentos de sopro. O instrumental da Harmoniemusik é constituido comumente por pares de fagotes, trompas e oboés e/ou clarinetas, formando assim um sexteto ou um octeto. Essa formação originou a seção de sopros da orquestra clássica. Dentre os compositores que se dedicaram à Harmoniemusik destacam-se muitos nascidos na Boêmia. Paralelamente às composições próprias características desse gênero coexistem nessa época os arranjos de movimentos de óperas. Neste contexto o CD traz as peças de Franz Krommer e Wolfgang Amadeus Mozart e arranjo de Johann Stumpf.

Já Silvio Ferraz é paulistano, nascido em 1959. Elegia, obra encomendada pelo conjunto para comemorar os 250 anos do nascimento de Mozart, nas palavras do compositor:  "Elegia fragmento foi composta durante uma curta viagem a Tiradentes. Por coincidencia não parava de ouvir naqueles dias a Maurerische Trauermusik de Mozart, uma curta peça fúnebre para um funeral maçônico. Os dias andavam meio acinzentados e duas mortes irromperam na casa nos toques dos sinos da igreja, quase simultaneamente... converti os sinos em blocos atacados, bem secos, mas que deixavam sempre um pequeno eco, e deixei que deste pequeno eco nascessem linhas melódicas. O resultado foi que a uma certa altura o início do funeral maçônico de Mozart veio quase como se fizesse parte do campo de ressonância que vinha se estabelecendo..." A peça de Silvio Ferraz faz assim um interessante contraponto a Mozart.

formado em 2003 por músicos ligados à USP e a importantes orquestras brasileiras dedica-se à pesquisa e à interpretação do repertório para sexteto de sopros do classicismo e do início do romantismo. O grupo utiliza réplicas de instrumentos de época, propondo uma leitura historicamente orientada de obras de compositores consagrados como Mozart e Beethoven, de peças de autores menos conhecidos do mesmo período e o resgate de arranjos para Harmoniemusik, publicados em grande em número no final do século XVIII e início do XIX. O grupo se dedica ainda à interpretação de obras de compositores vivos que proponham um intercâmbio entre a linguagem pós-moderna e a antiga. A despeito da crescente popularidade dessa concepção musical na Europa e Estados Unidos, o Harmoniemusik é o único grupo do gênero em atividade no país, e com isso ocupa um lugar importante no cenário cultural brasileiro.

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