CD em foco

 

OPUS BRASIL ENSEMBLE

interpreta VILLA-LOBOS, MEHAMARI, FRANÇAIX

 

 

  HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959)
    Trio para oboé, clarineta e fagote
       1. animé
       2. languidamente
       3. vivo
    Fantasia concertante para piano, clarineta e fagote
       4. allegro non troppo
       5. lento
       6. allegro impetuoso
  JEAN FRANÇAIX (1912-1997)
    Divertimento para oboé, clarineta e fagote
     7. prélude
     8. allegretto assai
     9. elégie
     10.scherzo
  ANDRE MEHMARI (1977)
    11. Choro breve
    Variações Villa-Lobos
       12. tema 1
       14 a 20. variações I a VIII
       21. tema 2
       22 a 28. variações IX a XV
       29. temas 1 e 2
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integrantes do OPUS BRASIL ENSEMBLE:
CD gravado em agosto de 2006 e produzido por BRASIL META CULTURAL

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texto do encarte do CD (por Irineu Franco Perpétuo):
A viagem de Villa-Lobos a Paris, na década de 20, costuma ser tida como um marco na sua produção. Na capital francesa ele entrou em contato com as principais tendências estéticas da época, tendo a oportunidade de difundir suas obras naquele centro irradiador de cultura, bem como de aprofundar influências que lhe eram decisivas ao longo de sua carreira, notadamente o compositor russo Igor Stravinski.
Em 9 de abril de 1924 o compositor francês Jean Wiener organizou em Paris um concerto na Salle des Agriculteurs, no qual programou obras de sua própria autoria, além de Milhaud, Stravinski e Villa-Lobos, que incluía a estréia mundial do Trio para oboé clarineta e fagote.
O antropólogo Paulo Renato Guérios, em livro sobre o compositor, contesta a datação da peça que consta do catálogo de obras de Villa-Lobos - 1921. "A ligação do Trio com elementos da estética de Stravinski é clara: ênfase em breves motivos que são rítmicos e não melódicos, inconstância de ritmos, com um resultado absolutamente oposto ao obtido com músicas que utilizam as técnicas impressionistas de Debussy". Para Guérios, embora Villa-Lobos já conhecesse o compositor russo desde 1920, a influência do autor da Sagração da Primavera na produção de seu colega brasileiro só passaria a se manifestar depois da viagem deste à França.
Paris também está ligada à Fantasia Concertante, obra mais tardia, escrita por Villa-Lobos na capital francesa em 1953, por encomenda do pianista norte-americano Eugene List, e a ele dedicada. A peça, contudo, só mereceu estréia póstuma no Rio de Janeiro, em 1968, por José Botelho (clarineta), Noel Devos (fagote) e Ivy Improta (piano).
Para o musicólogo finlandês Eero Tarasti a Fantasia está "entre as melhores obras do período tardio de Villa-Lobos, no qual ele encontrou um equilíbrio entre forma e material. A duração excessiva, que atrapalha suas obras com tanta freqüência também foi evitada aqui".
Influenciado por Stravinski foi também Jean Françaix, celebrado por seu refinamento, humor e elegância, presentes em partituras como o Concerto para piano de 1936 e o brilhante Trio para cordas de 1933. Seu Divertissement (trio para oboé, clarineta e fagote) foi composto em 1947, para o Trio André Dupont.
Já o terceiro compositor deste disco, André Mehmari, caracteriza-se pela igual desenvoltura com que se move nos campos da música popular e da música de concerto. Uma brincadeira com o universo popular é o Choro Breve, que funciona como um choro típico, na forma ABACA, com uma fantasia introdutória, na qual o fagote faz o papel que, no regional típico, tradicionalmente cabe ao violão de sete cordas. "A parte C de um choro é tradicionalmente muito contrastante e cheia de personalidade. Aqui, essa característica é enfatizada e amplificada em diversos parâmetros musicais", explica Mehmari. "Este choro, em alguns momentos, promove um bem humorado diálogo da música moderna de um Stravinski com o gestual do choro tradicional, um dos gêneros instrumentais mais ricos da música brasileira", conclui.
Já as Variações Villa-Lobos trazem 15 variações baseadas nos temas das Bachianas Brasileiras n° 7. Mehmari organizou o material em dois grupos, sendo o segundo apresentado aos 11 minutos da gravação. "Tentei extrair do material exposto todo o colorido que nele consegui enxergar. A escolha do tema se deve à sua clara adequação à proposta de variações, além de ter sido meu primeiro contato com a música orquestral do compositor, em 1955, aqui uma ligação afetiva. Tentei também criar uma espécie de narrativa musical (nunca música programática), onde a disposição das variações (forma) fosse tão importante quanto seu conteúdo", diz.

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outros CDs de BRASIL META CULTURAL:
  • Ira Levin, piano soloTranscrições de sua autoria, compostas em 2003 e 2004, CD premiado com o "Prêmio Bravo! como o melhor disco erudito de 2007: Bach – Tocata em fá maior BWV 540, Schäfe können sicher weiden BWV 208, Schmücke Dich, o liebe Seele BWV 654, Allein Gott in der Höh sei Ehr BWV 664, Andante de Trio Sonata 4 BWV 528; Wagner – Idílio de Siegfried; Tchaikovsky – Quatro Peças do Ballet Quebra Nozes op.71; Villa-Lobos – O Trenzinho do Caipira.
  • Ana Claudia Brito, piano solo - Bach-Godowsky – Prelúdio da Sonata n.2 para violoncelo; Raumeau–Godowsky - Elegie; Scarlatti-Godowsky - Concert-Allegro; Bach-Siloti – Prelúdio em sol menor para órgão; Bach-Levin – Brandenburg Concerto n.3, primeiro movimento; Franck-Bauer – Prelúdio, Fuga e Variação, op.18; Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras n.4; Shostakovich – Prelúdio e Fuga n.24.
  • Duo Brasilis – o flautista Davson de Souza e a pianista Ana Claudia Brito interpretam compositores americanos. Aquino-Vasconcellos – Gosto de Brasil, Beira-Mar e Santa Teresa; Villani-Côrtes – Seresta; José Carli – Quadros Tangueros; Radamés Gnattali – Sonatina; Aaron Copland – Duo; Michael Colina – Isles of Shoals.
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