![](70_anos.jpg) |
gravação (parcial e informal)
do evento em 6 de outubro - alguns arquivos
podem demorar a abrir |
Introdução |
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Quem veio hoje assistir este concerto com certeza está
sendo vítima de propaganda enganosa. Este é na realidade um evento
comemorativo de 70 anos, meus 70...! O programa assusta, parece longo,
mas pedi encarecidamente a todos os participantes que dosassem a duração
das músicas. Músico quando toca meia hora, acha que só se passaram 5
minutos. Por isso estou encarregando o Luiz Carlos a fazer o papel de
juiz, o Chacrinha da música; ele, como anfitrião, se achar que alguma
coisa está demorando muito, buzina nele... inclusive minhas falas...!Mas acho que não vai precisar, pois todas as peças que hoje serão
apresentadas não são mais que pequenas pinceladas... Digamos, pequenas
paisagens musicais. E o fagote de 70 anos? Não existe um certo banco que
se auto-intitula banco 30 horas? Pois comigo é a mesma coisa: 35 anos de
orquestra, 25 anos de universidade, 10 anos de estudo: resultado UM
FAGOTE DE 70 anos... considerando que metade de mim é fagote, a outra
possivelmente também! Então, tudo explicado...Quando a gente começa uma
profissão tem aberto diante de si todo um caminho; com 70 anos, um
número redondo e bom de se comemorar, ainda que exista a perspectiva de algum
caminho por frente, dá também para olhar um pouco para trás e conferir
as marcas de alguns passos...! É então que enxergamos muitas coisas sob
nova perspectiva... é assim esta comemoração. Seja como for, com toda
certeza posso falar que o tempo que me resta é bem mais curto do que
aquele que já percorri...
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P. M.Dubois (Hary Schweizer + Ana
Amélia Gomyde)
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Pomposo
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Em 1977, quando cheguei a Brasília,
ainda sem casa nem apartamento, nos primeiros dias fiquei hospedado
no apartamento da Prof. Odette Dias, a quem mais uma vez agradeço
aqui de público. O
primeiro contato musical que tive nesta cidade foi um recital de oboé e
piano na Escola de Música, com Vasco e Elza. Iniciou-se ali uma rica
convivência pessoal e musical... Uma das peças que ouvi naquela noite
foi esta que vamos ouvir novamente hoje, 40 anos depois
Viktor
Kalabis (Vaclav Vinecky + Elza Gushikem) |
Canção
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Na UnB tive como atividade
principal, além de integrar o quinteto de sopros, ser professor de
fagote. O Quinteto por razões várias se desfez; os alunos, ao
contrário se fizeram... É grande minha alegria em receber hoje aqui
alguns dos fagotistas que me ensinaram a ser professor; sim, porque
em meus estudos aprendi a tocar fagote, não aprendi a ensinar este
instrumento; nem todos puderam vir, pois a Alemanha, Canadá, onde
alguns deles atuam, não são necessariamente a próxima esquina! E os
compromissos profissionais prenderam outros em suas atividades... e
existem muitos que mudaram de rota durante a vida!
Ernesto Donas,
o mais internacional dentre os ex-alunos. Com ancestrais em Israel,
nascido na Uruguai, viveu nos Estados Unidos, estudou em Brasília e
atualmente mora e atua novamente no Uruguai. Em certa parte é ele o
responsável por estarmos hoje aqui realizando essa comemoração. Foi dele
a ideia de reunir a turma de ex-alunos. Minha foi a ideia de fazermos
isso acontecer em meus 70 anos. Ernesto, obrigado! |
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Emilio Terraza
(Ernesto Donas + Ana Amélia Gomyde)
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Tango M. 45
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Elione Medeiros
foi o primeiro a me ensinar a ser professor. Não concluiu o curso
comigo, pois a profissão o chamou primeiro e se mandou para o Rio, onde
começou tocando no Teatro Municipal. Mas nunca perdemos o contato. Numa
das muitas rodas de caipirinha ele veio com uma ideia maluca: me
desafiou a confeccionar um fagote. E, sem querer, sobretudo sem ter a
menor ideia de como fazer isso, eu topei.
Hoje quem
faz um desafio sou eu: Elione, Você está convidado/desafiado a
batizar o meu fagote de número 70... |
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Victor Bruns
(Elione Medeiros) |
Introdução
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estudo IV
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Ebnezer Maurilio Nogueira
da Silva
também foi um dos primeiros e também não ficou muito tempo comigo, logo
se mandou aos EUA. Pelo visto minhas aulas não faziam muito
sucesso!...Hoje, ele Doutor, e entre atividades de professor e
sindicalista, é o meu substituto como professor
UnB. Aliás, nos termos da legislação atual eu nem mais seria aceito como
professor da mesma instituição onde formei uma boa turma de
fagotistas... |
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Hilda Reis
(Ebnezer M. Nogueira da Silva + Elza Gushikem)
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Seresta
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Gustavo Koberstein,
pianista, compositor, regente, fagotista é um talento ambulante. Dentre
meus alunos, pelo tanto que sei, é praticamente o único brasiliense.
Portanto, um fagotista candango...
Flávio Figueiredo Jr.
– Durante um certo tempo eu assessorava minha esposa em uma loja de
discos clássicos em Brasília (quem se lembra ainda de DISCO CENTER?) Num
sábado à tarde, desconfiado e tímido entra na loja uma menino baixinho e
me pergunta: "O Senhor me aceitaria como seu aluno de fagote?" E ali
mesmo montou seu fagote e se pôs a tocar um concerto de Vivaldi. Ei-lo
hoje brilhante fagotista e entusiasta pesquisador de palhetas.
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Francisco Mignone
(Gustavo Koberstein + Flávio Figueiredo) |
Allegro da Sonata 1 para 2 fagotes
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Pensando
no que Gustavo recentemente me comentou: “Professor, Você foi um mau
professor. Você Nunca me falou que era tão problemático tocar em
orquestra...” nada melhor do que a “Marcha ao Suplício” da Sinfonia
Fantástica de Berlioz...
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Hector Berlioz
(Hary Schweizer + Gustavo Koberstein+ Flávio Figueiredo)
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Marcha ao Suplício
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Poderia
chamar muitos outros alunos que tiveram alguma orientação minha, ainda
que de uma forma passageira, sobretudo aqueles inscritos em cursos de
extensão, que só vinham às aulas até ganhar a primeira palheta, depois
sumiam para sempre!
Uma outra atividade que marcou minha
vida em Brasília foi a de lutie, (a partir daquele desafio do Elione
e da dificuldade de se conseguir fagotes na época); assim me
transformei num humilde confeccionador de fagotes e um mecânico
desse instrumento, tantos são os instrumentos que me chegam para
conserto. Em meus fagotes toco concertos; nos fagotes dos outros
realizo consertos... É com gratidão e reconhecimento que apresento
alguns fagotistas de Brasília, destemidos e ousados que, ainda no
início dessa minha atividade de lutie, tiveram a coragem de comprar
fagotes por mim confeccionados e assim se iniciaram na atividade de
fagotista. Hoje naturalmente todos migraram para fagotes mais
sofisticados... cumprindo dessa maneira aquilo a que me propus: não
concorrer, mas somar!
Wagner Lopes, hoje professor na EMB acaba de concluir seu curso
de aperfeiçoamento nos Estados Unidos |
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Francisco Mignone
(Wagner Lopes)
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Valsa Improvisada
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Iracema
Simon,
agora também professora na EMB, com estudos em Portugal forma com seu
marido Zoltan Paulinyi, o duo SPES, esperança que tanto precisamos por
dias melhores! |
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Nicolló Paganini
(Iracema Simon + Zoltan Paulinyi) |
Petite Romance
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Juliana Santos!
que faz aqui Juliana, que nem foi minha aluna nem comprou um de
meus instrumentos? Ela está aqui por ser a primeira aluna de
fagote na EMB que desenvolveu todos seus estudos num de meus
fagotes modelo JUNIOR, especialmente concebido para adolescentes
ainda em formação... nota-se que a Juliana cresceu!
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Ernst Mahle
(Juliana Santos + Ana Amélia)
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Melodia da Cecília 6
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Cristina Porto Costa
– não sabia se chamava Cristina por primeiro, ou se a deixava para o
final. Para fazer juz ao ditado “os últimos serão os primeiros” deixei
para o final. Pois bem, assim é a Cristina: uma vencedora. Fez de sua
fraqueza uma força e hoje ministra palestras e cursos sobre a saúde do
músico; foi a primeira dentre todos que se arriscou a comprar um fagote
de minha confecção, o de número 2; o primeiro está no museu da música de
Timbó em SC; formou em fagote na UnB e depois formou toda uma nova
geração de fagotistas na EMB; e é dela a ideia do fagote JUNIOR. E hoje
está “precisando se encontrar”... |
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Antonio Candeia
(Cristina P. Costa + Sidnei Maia + Fernando Machado)
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Preciso me encontrar
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Aprender, ensinar o que se aprendeu,
reverenciar quem ensinou, reverenciar quem aprendeu. É assim a
próxima peça: a miniatura nº 1 que meu professor na Alemanha
escreveu para seus alunos enquanto eu era ainda um deles... e agora
faço o mesmo com alguns de meus colegas ex-alunos. Digamos assim, é
quase uma pequena cadeia genealógica fagotística!
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Achim von Lorne
(Hary Schweizer + Gustavo Koberstein + Flávio Figueiredo)
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Trio miniatura 1
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Na UnB, tive temporadas com muitos
alunos de fagote e temporadas praticamente sem alunos. Em tempos de
poucos alunos preenchi meu tempo também com atividades de música de
câmara e com estes, que até há pouco foram também meus colegas de
orquestra, chegamos a fazer muitos concertos de esquina e outras
atividades correlatas, tocando em cada beco que fosse possível:
bandejão, banco, reitoria, biblioteca, teatro de arena,
departamentos diversos: agradecimento ao Fernando Morais que aqui
substitui Roberto Crispim.
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Radamés Gnatalli
(Ariadne Paixão+ Kleber Lopes + Alexandre Areal + Fernando
Morais + Hary Schweizer)
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Prelúdio da Suite para quinteto
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Há 12 anos tive oportunidade de
documentar algumas de minhas atividades num CD. Sempre gostei de uma
dose de criatividade e de interatividade em minhas apresentações.
Quem me acompanhou sabe disso. Foi por isso que dei o nome de “Com
Licença...” a este CD-documento. Para hoje poderia ter escolhido
qualquer outra dentre as músicas do repertório do CD, mas escolhi a
LUA BRANCA; porque será?...Não existe LUA BRANCA se ela realmente
não for cheia; quando eu era criança, gordinho, rechonchudo e
relativamente cheio, em meus primeiros anos de escola este era meu
apelido: LUA CHEIA. Então relembrando o que hoje chamariam de
bullyng, com Vocês LUA CHEIA, ops.
LUA
BRANCA!
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Chiquinha Gonzaga
(Hary Schweizer + Elza Gushikem+ Paulo Marques)
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Lua Branca e Batuque
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A Casa Thomas Jefferson sempre me
acolheu de braços abertos; inúmeras vezes apresentei-me aqui para
recitais diversos bem como para o batismo de vários fagotes por mim
confeccionados. Há exatos 20 anos, por ex., em outubro de 1997,
comemoramos meus 50 anos na mesma Casa Thomas Jefferson, evento no
qual tive a oportunidade de inaugurar um fagote branco. Lá no hall
de entrada ainda está pendurado um cartaz que convidava para aquele
concerto. Para muitos a casa Thomas Jefferson é sinônimo de ensino
da língua inglesa; para nós a Casa Thomas Jefferson é sobretudo
sinônimo de Casa da Música! Aqui quero também deixar registrado um
agradecimento especial a este mecenas da música, Luiz Carlos
Costa... Vejamos como foi um desses momentos do1
fagote incomoda muita gente, 5 fagotes incomodam muito mais
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John Philip Sousa
(Quinteto + Paulo Marques + José Evangelista)
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Introdução /
Stars and Stripes forever
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A primeira vez que apresentamos o
FENIX de Michel Corrette foi a partir de uma cópia xerocada dos
originais da época barroca. Não tenho certeza, mas é bem provável
que eu tenha introduzido esta peça no Brasil. É uma obra que sempre
fascina os fagotistas e foi apresentada em diversas oportunidades.
Aliás foi a execução dessa peça que fez o Ernesto sentir saudades de
seu tempo de estudante e querer reunir a turma. Aqui numa versão
reduzida em movimentos, mas ampliada em participantes. Mas como 10
fagotistas incomodam muito mais que 5, é bom primeiro esquentar as
turbinas.
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Michel Corrette
(Tutti + Ana Amélia)
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Adagio e Allegro
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Homenagem final
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Rainer
Schottstaedt (tutti) |
Tema+variações 1, 2 e 3 /
var.4 e 5
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Agradeço a todos
aqueles que, de uma forma ou de outra, cruzaram em meu caminho,
e desta maneira fizeram o meu caminhar mais fácil e prazeroso...
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hary
schweizer, outubro de 2017 |
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