HARY SCHWEIZER 

é brasileiro, natural da cidade de Mafra, Santa Catarina. Com estudos de música em Curitiba, PR, e em Munique, na Alemanha, entrou para a Universidade de Brasília (UnB) em 1977 como professor de fagote, com atuação também em música de câmara e história da música. Na área de música de câmara (quinteto de sopros, trio de palhetas, recitais com piano e outras combinações) coordenou e participou ativamente da série "Concerto Semanal da UnB", resultando deste trabalho algumas gravações (Marlos Nobre, Cláudio Santoro, Emílio Terraza). É músico fundador da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, onde foi seu primeiro fagotista até sua aposentadoria ocorrida em 2016; com esta mesma orquestra e sob a batuta de diversos regentes apresentou os principais concertos para fagote e orquestra (Mozart, Weber, Villa-Lobos, Vivaldi, Françaix).

 

 

A partir de uma carência nacional de instrumentos se aventurou numa área que lhe era desconhecida, a de construtor de fagotes, tendo a partir de então conseguido conquistas significativas, reconhecidas também pela imprensa especializada internacional. Expandiu esta atividade para a reforma de fagotes, tendo se transformado também num expert na manutenção e reforma muito requisitado em âmbito nacional. Vê com orgulho o fruto de seu trabalho, fagotes e alunos, estes atuantes como músicos em orquestras e professores de fagote, tanto no Brasil como no exterior. Em 2005 documentou no CD, que recebeu o nome de "Com licença!..." aspectos de sua atividade profissional como intérprete, professor e construtor de fagotes.

 

     

    Hary Schweizer conta um pouco de sua história...
     
  "Após meus estudos de fagote em Munique (Alemanha) nos anos 70, durante quase vinte anos fui professor de fagote na Universidade de Brasília. Foram anos muito ricos e frutuosos, com uma intensa atividade docente e musical, mas igualmente difíceis. Ser professor de fagote sem dispor de instrumentos suficientes para atender os alunos requer um toque de magia. Mesmo assim minha classe de fagotes se fez representar nos EUA, Alemanha, Israel, Uruguai, além do Brasil, é claro!
 

Por ser um instrumento especial e complexo, o fagote é também um instrumento de elevados custos. Numa época em que ainda não se viviam nem se conheciam os efeitos da globalização, onde instituições educacionais davam (e ainda dão!) prioridade às áreas científicas; num país onde o poder aquisitivo, além de não primar pela excelência é ainda bastante achatado por pesados tributos, conseguir comprar um fagote, além de um verdadeiro empreendimento, se transformava num façanha, numa ousadia até...  

  Foi nessas circunstâncias que, em uma roda de amigos surgiu a idéia: "porque v. não faz um fagote?"  Esta semente então plantada germinou e cresceu...mas entre o tocar e o fazer um instrumento vai um longo caminho e só quem já o trilhou sabe como podem ser doloridas as pedras que nele se encontram! 
  Começou então uma intensa busca, animada por uma grande força de vontade, muita criatividade e ainda maior improvisação, por detalhes de perfuração, ângulos, diâmetros, formas, medidas, mecanismos, materiais, ferramentas, madeiras, metais, tecnologias, maquinários e tudo quanto pudesse servir para conseguir produzir um fagote... 
  Que aventura!  Se eu tinha a habilidade para tocar meu instrumento e, como diziam, alguma habilidade manual, eu teria de aprender a lidar com madeira, vernizes, metais, solda, moldes, roscas, fundição, molas, sapatilhas, calços e tudo o mais que se precisa para que um instrumento se torne real! Todas coisas que nunca ninguém me ensinou! 
 

 


No final de 1991 ficou pronto meu primeiro instrumento, o primeiro fagote fabricado em terras brasileiras. Foi uma festa e um grande evento!Daí em diante, sempre usando madeiras brasileiras e experimentando diversas delas, valendo-me da experiência que se ia somando, dos erros que não mais se repetiam, outros fagotes vieram... e cada vez melhores! 

   Meu trabalho mereceu reportagens diversas não só nos meios de comunicação no Brasil, mas em revistas especializadas da Alemanha e EUA e Argentina. Mas melhor que isso, meus fagotes tocam não só no Brasil, mas também em Cuba e EUA.  Sendo eu próprio um fagotista, somente vendi meus instrumentos após testá-los pessoalmente em recitais e em programas da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, onde sou fagote-solista.

Esta talvez seja a melhor marca da qualidade dos fagotes que até hoje produzi.  E com certo orgulho sinto falarem de mim como sendo o único fabricante de fagotes em terras latino-americanas..."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hary Schweizer

 

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