A C Ú S T I C A   D O   F A G O T E

  considerações acústicas e projeção do som

 

ESPECTROS SONOROS E FORMANTES

A acústica moderna se ocupa da análise dos sons complexos. O resultado dessa pesquisa se torna visível nos chamados espectros sonoros. Estes são gráficos esquematizados, que visualizam a constituição dos sons musicais. Eles medem o som fundamental, os harmônicos, as freqüências em Hertz (Hz) e a energia sonoro em decibéis (dB).Alguns harmônicos de maior intensidade conseguem se sobressair na constituição de um complexo sonoro e o caracterizam como timbre específico de um determinado instrumento. Às regiões de freqüências onde acontecem estes harmônicos, damos o nome de formantes.

As vogais da voz humana também têm seus formantes: na freqüência 200-400 Hz, formante "u"; na freqüência 400-600 Hz, formante "o"; na freqüência 800-1250 Hz, formante "a"; na freqüência 1800-2600 Hz, formante "e"; e finalmente, na freqüência 2600-4000 Hz, formante "i". Quando um som musical possui um harmônico suficientemente forte na região da freqüência de um formante vocal, ele tem também a cor semelhante a esta vogal

PRODUÇÃO E EXTINÇÃO DO SOM

O som instrumental não soa imediatamente em toda sua força e timbre logo no momento do ataque. Sempre demora um certo tempo, às vezes menor, às vezes maior, até que todos os elementos sonoros cheguem à sua força e timbre definitivos. O contrário vale para a extinção do som. Esse processo é definido como processo de produção e extinção do som; e o tempo denominamos de tempo de produção e extinção do som. No ataque de um som surgem, além disso, ruídos característicos (ruídos de sopro), sem os quais o som perderia sua característica natural. Mais ainda, produzem se os chamados precursores do som, como produto das freqüências agudas. A duração desses precursores depende da altura da freqüência; sua força é condicionada pela dureza do ataque. Um som atacado com dureza vibra mais rapidamente do que um som de ataque suave. Todos esses processos sonoros influenciam o caráter do som numa dimensão considerável, mas podem, dentro de certos limites, ser dominados, controlados e, até mesmo, aproveitados pelo instrumentista.

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO FAGOTE

O fagote, instrumento de tessitura consideravelmente ampla, tem uma região grave relativamente fraca (Dó1=58Hz). O máximo da energia repousa somente a partir do oitavo e do nono harmônicos. Isso corresponde aos formantes principais do instrumento na altura de 500 Hz. Nesta região central observa-se a equivalência de seus formantes principais com os formantes da vogal "o", o que confere ao som do fagote uma sonoridade muito semelhante a esta vogal. Na região do Dó3 o máximo da energia e o segundo harmônico se situam um pouco acima. Isso tem como conseqüência uma alteração no timbre para o "e". Na região aguda a participação do som fundamental é mais importante que a participação dos formantes mais agudos. O timbre resultante fica menos definido; elementos nasais se fazem então sentir.

O fagote possui um grande número de harmônicos, que formam uma série de formantes secundários (1150, 2000, 3500 Hz); eles fazem então com que o instrumento tenha um timbre mais reforçado nessa região. Os harmônicos médios e superiores aparecem muito rapidamente (20ms); por isso o ataque do som pode ser muito expressivo. Harmônicos graves precisam de um tempo maior, são, porém, pobres em energia, de tal maneira que não atrapalham a pregnância do ataque.

 

texto e ilustração

extraídos

do livro

 

"QUINTETO DE SOPROS"

(Das Bläserquintett)

 

de Miroslav Hosek

 

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tradução: Hary Schweizer

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