a técnica a serviço da música

Ronaldo Novaes

 

 

 

Importância da Boa Iniciação Musical


O objetivo de todo músico é desenvolver a capacidade de fazer com o seu corpo (pés, mãos, dedos, boca, respiração) o que a sua mente e seu coração desejam, independente do instrumento a ser tocado.

O pensamento musical é extremamente veloz e o caminho que se leva para concretizar um impulso mental, ou seja, o processo que vai da mente até o corpo, é um  sistema complexo, minucioso e delicado, que precisa ser estudado, aprendido e praticado com muita concentração. Não se trata de estudar de forma rápida, apressada ou ansiosamente,  mas de exercitar a paciência de um artesão na construção do saber musical. Construção esta que não se divide em teoria e prática, pois ambas são indissociáveis.

Tal como em outras artes, a Música é feita de detalhes e sutilezas e o bom artista não se conforma com o mal feito. Mesmo quando sua música é "rústica", há um porquê filosófico, um querer mental, não se trata de um mero acidente ou incapacidade criativa. A ambição maior de todo artista é sempre a excelência e esta é sua incansável busca.

Para atingir tais objetivos é que existe a técnica, que nada mais é do  que um conjunto de procedimentos metódicos empregados para obter um determinado resultado.Neste contexto, os rudimentos – exercícios criados para que o corpo fique tão rápido e habilidoso quanto a mente possa pensar, devem ser estudados, aprendidos e praticados com extrema paciência, concentração e dedicação. Ora, se tais rudimentos são necessários para a boa formação do músico, é imprescindível que eles sejam aprendidos sob a orientação de um bom mestre, evitando-se futuras frustrações causadas pela má iniciação.

Nem sempre o caminho da excelência é agradável. Na maioria das vezes, o estudo da técnica é árido e insosso. Cabe ao mestre torná-lo, senão agradável, pelo menos, suportável e acessível ao iniciante. Neste contexto, a criatividade é fundamental. Conhecimentos da área de composição podem e devem ser utilizados na construção de uma metodologia para o estudante. Áridos e repetitivos exercícios podem ser transformados em deliciosas experiências musicais.

Este é o tipo de pensamento que grandes mestres como Johann Sebastian Bach cultivavam em sua época. Basta consultar sua vasta obra de cunho didático, que nos são tão agradáveis que temos prazer em ouvi-las repetidas vezes em salas de concerto. Neste contexto, o estudo da técnica deve estar sempre subordinado a um objetivo musical.

Ronaldo Novaes é formando em licenciatura em música, USP

 

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