Importância da Boa Iniciação Musical
O objetivo de todo músico é desenvolver a capacidade de
fazer com o seu corpo (pés, mãos, dedos, boca, respiração) o que a sua
mente e seu coração desejam, independente do instrumento a ser tocado.
O pensamento musical é extremamente veloz e o caminho que se leva para
concretizar um impulso mental, ou seja, o processo que vai da mente até
o corpo, é um sistema complexo, minucioso e delicado, que precisa ser
estudado, aprendido e praticado com muita concentração. Não se trata de
estudar de forma rápida, apressada ou ansiosamente, mas de exercitar a
paciência de um artesão na construção do saber musical. Construção esta
que não se divide em teoria e prática, pois ambas são indissociáveis.
Tal como em outras artes, a Música é feita de detalhes e sutilezas e o
bom artista não se conforma com o mal feito. Mesmo quando sua música é
"rústica", há um porquê filosófico, um querer mental, não se trata de um
mero acidente ou incapacidade criativa. A ambição maior de todo artista
é sempre a excelência e esta é sua incansável busca.
Para atingir tais objetivos é que existe a técnica, que nada mais é do
que um conjunto de procedimentos metódicos empregados para obter um
determinado resultado.Neste contexto, os rudimentos – exercícios criados
para que o corpo fique tão rápido e habilidoso quanto a mente possa
pensar, devem ser estudados, aprendidos e praticados com extrema
paciência, concentração e dedicação. Ora, se tais rudimentos são
necessários para a boa formação do músico, é imprescindível que eles
sejam aprendidos sob a orientação de um bom mestre, evitando-se futuras
frustrações causadas pela má iniciação.
Nem sempre o caminho da excelência é agradável. Na maioria das vezes,
o estudo da técnica é árido e insosso. Cabe ao mestre torná-lo, senão
agradável, pelo menos, suportável e acessível ao iniciante. Neste
contexto, a criatividade é fundamental. Conhecimentos da área de
composição podem e devem ser utilizados na construção de uma metodologia
para o estudante. Áridos e repetitivos exercícios podem
ser transformados em deliciosas experiências musicais.
Este é o tipo de pensamento que grandes mestres como Johann Sebastian
Bach cultivavam em sua época. Basta consultar sua vasta obra de cunho
didático, que nos são tão agradáveis que temos prazer em ouvi-las
repetidas vezes em salas de concerto. Neste contexto, o estudo da
técnica deve estar sempre subordinado a um objetivo musical.