"PALHETAS" entre aspas...

depoimentos

 

      ALOISIO FAGERLANDE:
"Procuro sempre encarar a atividade de montagem de palhetas como um "hobby", uma atividade manual de precisão, como o aeromodelismo, ou mesmo uma "carpintaria em um micro-nível" ... Por incrível que pareça, consigo até relaxar ... mas apenas na montagem. Já na raspagem, fora a questão técnica, procuro sempre mentalizar positivamente para transmitir alguma energia para a palheta que estou mexendo, além de tentar me manter calmo e com todo o tempo do mundo para aquela palheta, pois todo nós sabemos que a pressa é quase sempre inimiga da perfeição. Ah, e sempre ter várias palhetas velhas disponíveis, para eventuais fases ruins. É incrível como muitas palhetas que já tinha descartado , pego algum tempo depois e funcionam bem!" 

Aloisio Fagerlande

afagerlande@openlink.com.br 

      GUSTAVO KOBERSTEIN:
"Falar sobre palheta pode ser mais difícil do que tocar fagote! Como fazer? como raspar? leve? dura? estreita? larga? ponta? arames? linhas? moldes? goivas? lixas? lingüeta? facas? cada um tem suas manias de fabricação! Na verdade são tantas perguntas e variáveis que prefiro pensar nela como apenas um pedaço de bambu do qual dependo para tocar! Como sou um pouco exigente com minhas palhetas aproveito apenas entre 30 a 40% das palhetas que faço. Infelizmente ainda não consegui ter um padrão de montagem para me fazer ver passarinho azul! Na verdade eu não me estresso muito com palheta no sentido dela ficar boa, isto é, se não prestou logo de cara eu não perco tempo em fazê-la funcionar e parto para outra. Eu não sou obrigado a perder tempo com isso! tenho muito que estudar e sou muito bonito pra ficar sentado olhando pra um pedaço de bambu o tempo todo!"

Gustavo Koberstein

gkoba@terra.com.br

      FRANCISCO ALVES DE ASSIS FORMIGA:
 

"VIAGEM PELO MUNDO DAS PALHETAS... clique para viajar!

formiga@mailmac.macbbs.com.br

      CRISTINA PORTO COSTA:
"Coisas que aprendi com o tempo:

1. Deixar a caixinha de palhetas aberta de vez em quando e secar as ditas cujas. Já levei sustos homéricos por causa de mofo (puro descuido!).

2. O que não serve hoje, talvez possa ser reciclado amanhã. O "cemitério" de palhetas pode ser uma arca de tesouros. Se não para a gente, para outros. Incrivelmente simples!

3. A experiência dos outros sempre serve de referência, mas não é a nossa. Nada como meter a mão na massa e aprender com os próprios erros (e os acertos, claro!). Enquanto a palheta ideal não vem, o que posso fazer com o material e informações de que disponho?"

Cristina Porto Costa

cporto@unb.br

      MARCIO ZEN:
"Com relação às palhetas no momento só me vem uma coisa na cabeça: "palhetas, as temperamentais". Aliás, uma ótima comparação seria: as palhetas e as mulheres..."

Márcio Zen

zen@centroin.com.br

      BENJAMIN COELHO:
"Falando de palhetas tenho três considerações a fazer:

1. Consistência: Em cada palheta que construo eu tento repetir todas as etapas da mesma maneira. Na minha experiência como fazedor de palhetas e professor observo que muita atenção é dada para a parte da frente (parte descascada da cana) da palheta; acho que precisamos também dar atenção à formação do tubo. Para mim o tubo é tão importante como qualquer outra parte da palheta.

2. Ser criativo/pesquisa: Só depois de conseguir ser consistente eu começo a tentar coisas novas. Uma coisa de cada vez, se quiser mudar muitas coisas ao mesmo tempo não saberei o que funcionou e o que deixou de funcionar. Eu gosto de fazer palhetas, faço entre 100 - 150 palhetas/ano, estou sempre tentando coisas novas. Infelizmente não existe muita literatura escrita sobre as milhares maneiras de se fazer uma palheta. Aqui nos EUA tem umas 5-10 publicações sobre confecção de palhetas. Em outros lugares eu não tenho nem idéia. Acho também que precisamos estudar a maneira de como os fagotistas do passado construíram suas palhetas.  Ozzi,por exemplo, tem no método dele uma parte sobre confecção de palhetas, é muito interessante.

3. Nunca reclamar sobre a sua palheta: Se V. reclama de sua palheta, V. está reclamando porque errou notas, ataques que não saíram, notas agudas que falharam, etc,. reclama porque não está contente com a sua "performance" e se reclamar da palheta que V. construiu, então V. esta reclamando de V. mesmo duas vezes, uma pela "performance" e outra pela palheta. É uma carga negativa muito grande."

Benjamin Coelho

benjamin_coelho@uiowa.edu

       FABIO MENTZ:

"Não me parece ser possível ter uma palheta boa, ou tornar uma palheta boa sem estudar com ela, estudá-la, fazê-la soar bem em toda a extensão do instrumento, em todas as dinâmicas, torná-la flexível... Se alguém souber como se consegue resultados sem esforço, por favor me ensine! Por outro lado, estudo pra mim é uma disciplina de procurar melhores resultados com a redução do esforço e o crescimento do prazer! Isso me faz lembrar de uma mensagem do Elione sobre como desenvolver sonoridade desenvolvendo os harmônicos, arpejando lentíssimamente em intervalos de quinta no cantinho da parede. Esse é um exercício que gosto de fazer para balancear e afinar com as novas palhetas, algumas vezes até monitorando os intervalos com o afinador.  A questão das medidas é relativa pra mim e inter-relacionada à pressão dos arames: tenho palhetas de diferentes medidas que se comportam de forma semelhante em termos de afinação."

Fábio Mentz

fmentz@uol.com.br

      ELIONE ALVES DE MEDEIROS:
 

"FILOSOFANDO SOBRE MINHAS PALHETAS..." clique para filosofar!

elione_medeiros@uol.com.br

       ANTONIO BRUNO:
"Não tenho muito a dizer, a única coisa que faço com a palheta é tocar o LÁ 2 com a chave do LÁ apertada e repetir o LÁ 2 sem a chave. Quando o LÁ sai mais alto com a chave, eu raspo a palheta até sair igual tanto com a chave quanto sem ela. No meu caso, enquanto o LÁ sai diferente com e sem a chave, eu não me sinto bem com a afinação de algumas outras notas."

Antonio Bruno

juze@netfly.com.br

       ALEXANDRE SILVÉRIO:
"Gostaria de relatar como tenho trabalhado em relação a nossa "amiga" (da onça!) chamada palheta. Desde aprox. 1 ano só monto palhetas com canas de Ovídio Danzi, no Brasil sempre tinha tocado somente com Rieger, mas depois que provei Danzi, nunca mais consegui ficar satisfeito com as canas Rieger. Já a Danzi, no começo acho o som um pouco claro, mas a palheta já funciona bem com apenas dois dias depois de montada, os agudos são bem ricos, e a cana proporciona uma boa articulação; em 5 dias a palheta já está com um som bem encorpado. Aqui na Alemanha tenho visto que quase todos tocam com cana Danzi: Thunemann, Azzolini, Stefan Schweigert, Dag Jensen, o Afonso... Acho  muito importante para se conseguiruma boa palheta que a montagem tenha sido excelente! Mas o que eu também faço não é novidade, corto o tubo com 26 mm e a lamina entre 29 e 28 mm; também corto com o estilete nos lados do tubo, não consigo explicar muito bem com palavras, mas tiro uma lasquinha de cada lado (ao todo 4 vezes) e faço com que um lado fique bem encaixado no outro, quase casca com casca, não dá para ver muito aquela parte de dentro sobrando... Mas desse jeito a lâmina da palheta fica sem "over laps", e na minha opinião a palheta vibra bem mais desse modo." 

Alexandre Silvério

foofag@yahoo.com

       WALDIR SEVERINO da SILVA:
"Sempre tive grandes dificuldades quanto ao problema das palhetas, inicialmente tocava naquelas palhetas compradas em lojas de artigos musicais, e sempre as piores porque sou funcionário de uma universidade e como as coisas no serviço público são sempre adquiridas pelo menor preço, quase sempre compravam também as de pior qualidade; depois meu colega foi a Brasília para um curso de verão, conheceu o Hary e adquiriu dele algumas palhetas e daí em diante não conseguimos mais tocar nas antigas; depois disso conhecemos uma colega e passamos a adquirir nossas palhetas através dela, verdade seja tido uma pessoa sensacional, muito prestativa; mas é chegada a hora de começar a ficar independente, fabricando suas próprias palhetas..."

Waldir S. da Silva

wlsh@terra.com.br

       HARY SCHWEIZER:
"Sem palheta o fagote não toca!"... e quanto a palheta pode ser problema (ou solução!) fica constatado pelos muitos depoimentos.
Para mim, quando uma palheta logo de início não promete muito, ela vai logo para o lixo... aliás, esse foi um ensinamento de meu professor Achim von Lorne: ele dizia que não vale a pena perder tempo com uma palheta da qual já intuímos que não vai dar certo...
O clima é uma variante muito importante no quesito palheta. A maioria dos fagotistas tem quase ataques de tortura quando pensam que devem tocar um concerto em Brasília na época da seca, que aqui, de julho a setembro, chega a níveis do deserto do Saara (10% de umidade). 

Também já quebrei muitas palhetas, umas voluntária outras involuntariamente. Já cheguei até a quebrar uma palheta durante um ensaio de um regente chato, que acha que tocar fagote é como balançar a "batuta"... Porque não filosofar um pouco também sobre a palheta? ou "biologizar" sobre ela? afinal não é ela que dá vida ao nosso instrumento?

...e aqui vai um último comentário pessoal: muitos fagotistas escondem por detrás de uma palheta problemas mal-resolvidos de seu fagote, de um estudo não realizado, de uma incapacidade técnica, de um problema de afinação, de um mal-estar físico e aí por diante! Esse aspecto da palheta é o que eu menos gosto..."

Hary Schweizer

hschweiz@yahoo.com.br

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