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obras de compositores brasileiros para fagote solo dissertação de mestrado, UNI-RIO, 1999 |
LACERDA, OSVALDO (*1927, São Paulo, SP)Queixas e Reclamações (novembro de 1985, São Paulo)37
Estreada por Gustav Busch em 03/05/1986 na 3ª Apresentação da Seção de Jundiaí do Centro de Música BrasileiraPartitura em manuscrito Em um movimento, com várias seções de diferentes andamentos:
duração: 3’40’’ Trata-se de uma peça com idéia programática, definida pelo título Queixas e Reclamações. A música transmite a impressão de se estar diante de uma pessoa irritada que expressa todo seu aborrecimento. As várias faces deste estado se manifestam na partitura através de diversas indicações de caráter: lamentoso, reclamando, zangado, hesitante, tímido, furioso etc. Musicalmente, as queixas e suspiros são realizados pela figura (já usada no período barroco) da segunda menor descendente, que aqui aparece em abundância. Mudanças inesperadas de caráter expressam um temperamento instável, enquanto repetições incansáveis de recortes de escalas de tons inteiros sugerem a infindável insistência em reclamar. A forma é livre e lembra uma fantasia na qual várias seções são expostas para depois serem retomadas e, algumas delas, misturadas (A/B/C/D/E/F/E’/C’E’/A’). O cromatismo está sempre presente nesta peça em idioma tonal livre. Ele é tanto a base para as queixas e os suspiros como também para os desenhos em zigue-zague descendentes ou ascendentes (por exemplo: segundas maiores descendentes com intervalos de meio tom entre elas), que recebem a indicação f súbito e se apresentam em staccato, numa alusão direta ao título da peça. A articulação e a dinâmica são diferenciadas detalhadamente. O pedido “um tanto à vontade”, escrito na maioria das seções, deixa liberdade para bastante rubato. A extensão da peça não passa de si b 3. O uso frequente de cromatismo provoca a escrita de muitos acidentes que torna a leitura um pouco mais difícil. Os tetracordes rápidos de tons inteiros ligados são repetidos por muitas vezes e, por exigirem mudanças constantes de digitação, tendem a perder em definição. O intérprete tem que estar disposto a transformar o ‘tocar’ em ‘pôr em cena’ para ser convincente na transmissão das muitas mudanças de caráter. O grau de dificuldade fica no nível avançado I LACERDA, Osvaldo, em carta enviada para nós em 22/03/1999. |
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