obras de compositores brasileiros

para fagote solo

dissertação de mestrado, UNI-RIO, 1999

ARIANE PETRI

 

WIDMER, ERNST (1927, Aarau, Suíça - 1990, Salvador, BA) 84

Catala op. 93 c (1976, local ignorado)

Obra sem dedicatória

Estréia ignorada

Partitura em manuscrito85

A obra é formada por sete partes (de A a G), com a indicação colcheia=60. Segundo observação do compositor: “Primeiramente tocar seguindo a ordem das partes; depois concatenar ad libitum as partes, reiterando tudo sempre muito livre e com espontaneidade, com cesuras grandes nos pontos de repouso; fim livre”86

Duração: 3’30’’ - 5’, devido a variedade da escolha e dos encadeamentos possíveis das partes.

Catala é a terceira obra do complexo (SEM)trégua/WAFFEN(still)STAND opus 93, que data de 1976 e é constituído da seguinte forma:87

  • op. 93 a - Espelho - Spiegel para clarineta, duração 6’-8’

  • op. 93 b - Trégua para flauta, duração 4’30’’-6’

  • op. 93 c - Catala para fagote, duração 3’30’’-5’

  • op. 93 d - Espera para trompete, duração 3’-5’

  • op. 93 e - Cronópios e Tartarugas para clarineta, duração 3’

As sete partes de Catala (com exeção de F) são de crescente duração e aos poucos ganham em mobilidade rítmica, variedade melódica e densidade dinâmica. As partes A a D trabalham exclusivamente com os registros agudos e graves, tendo como notas centrais si 3 e mi 1. Somente as partes E e G incluem trechos no registro médio. As indicações de dinâmica são muito precisas e têm como particularidade o grande número de crescendo - decrescendo rápidos e de pequena extensão em notas de curto valor ou no início de notas sustentadas (por exemplo em B). Muitas destas notas sustentadas são escritas em notação proporcional. A duração do som se dá pela relatividade da maior ou menor proximidade das cabeças das notas e pelo tamanho da linha horizontal indicando a sustentação. A parte G contém uma valsa fugaz e passageira.

A valsa contém quatro glissandi cujo primeiro, ligando fá# 1 a mi 2 pode e deve, pela velocidade, ser realizado cromaticamente (como também o que liga sol 2 a si b 2), enquanto os outros são marcados em intervalos de meio tom, exigindo, então, realização através de mudanças da embocadura ou movimento retardado dos dedos. A extensão da peça vai de si b 0 a ré# 4, apresentando-se, algumas vezes, notas ligadas distantes de um intervalo maior do que duas oitavas (em F). Na última repetição da parte G, todas as nove notas dentro da quiáltera de três (representando uma mínima) levam acentos, cuja realização não é fácil pela tendência de ‘diluição’ do ritmo dentro da quiáltera.

Exemplo 43: última pauta, compasso repetido

 

Os fatores citados elevam o grau de dificuldade para o nível avançado I, apesar da notação gráfica ser de fácil entendimento e realização, tendo os saltos grandes bastante tempo para a sua preparação.

Catala tanto pode ser apresentada integrada no op. 93 todo, quanto separadamente. Na partitura, logo no início de D, existe uma marcação para a entrada do trompete (do op. 93 d), em caso de execução integral. Entendemos esta indicação da seguinte forma: quando D é tocado pela segunda vez, o trompete entra e os dois instrumentos continuam tocando simultaneamente as suas partes que não apresentam referências um ao outro, até o fagote terminar a obra e o trompete continuar sozinho.

 

84 Ver nota na análise das peças 19-21 da obra 69 Peças crônicas e anacrônicas de Ernst Widmer. 85 Obtivemos a informação que a editora Nepomuk teria editado esta peça como também op. 93 a, b e d.

86 Observação na partitura, de autoria do compositor. A marcação em itálico é de nossa autoria.

87 Catálogo do Itamaraty, Widmer, 12/1977.

 

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